
Como diz o meu amigo David: Comigo o arroz é mais solto. Estava pensando como poderia abordar o assunto de hoje e diversos temas me passaram pela cabeça. Biodiversidade foi um deles. Sempre quis e gostei de escrever sobre biodiversidade. Ontem, assistindo um desenho animado fiquei encantado com a tal galinha gigante chamada Narceja. Achei um nome lindíssimo, por sinal. Nos meus tempos de menino, a Narceja chamava-se Pássaro Dodô! Mesmo frango, outro nome. E, como é incrível a habilidade da escrita, quero fazer uma salva em homenagem ao bom amigo LB (manterei seu nome em sigilo, por medida de segurança) que, além de encantar minha noite com diálogos eloqüentes e interessantes, presenteia meu intelecto dia-a-dia, com pérolas da fronteira rio-grandense.
Certa feita, meu amigo, zeloso pela minha integridade, resolve me acompanhar até meias patas de casa, e nisso, uma prosa leve se forma. Fora levantada a especulação de que uma tese de doutorado poderia ser feita com o seguinte tema: “Regionalismos Lingüísticos e Suas particularidades; um mundo dentro de outro”. Pergunte-se, caro leitor, quantos regionalismos falamos diariamente. Ou ainda, quantas expressões características de nossas cidades ou regiões, sem querer cuspimos em nossos diálogos cotidianos. Digo mais: não seriam os regionalismos, temperos do vocabulário? Aquilo que o deixa engraçado, interessante e particular.
Vou limitar. “Essa, gosta de um café bem doce!”, diz meu amigo LB, com o peito inflado feito um sapo boi. Achei aquilo uma epopéia frasal. Entre tantas outras coisas que gargalhamos juntos, existem as especiais, aquelas que ganham o dia. Expressão essa que, lá na fronteira, quer exemplificar a mulher de vida fácil, aquela do mamão com açúcar, a inclinada aos carros grandes e festas fartas. Vejam que, em meio às labaredas ardentes de um comentário ácido, logo se descobre um mundo de expressões que por sorte chegam até nós da melhor forma possível. Peças fundamentais que caracterizam o jeito e estilo de vida de uma população, que cria uma identidade social e ajudam os pequenos a não compreender o assunto dos adultos, mas fomentam as bancadas esquentadas pelos peitos fartos de nossas tias avós no final da tarde.
Tudo isso, leitores, é para demonstrar meu profundo amor pela língua falada. Pela paixão das minhas aulas que quinta série, quando começamos a aprender os primeiros salamaleques do português e, pela insistência do meu parceiro de blog, Júnior, em me fazer dividir isso com ele (e com vocês). Vou deixar outras grandes e boas pérolas em suas ostras, para ao longo do tempo ir dividindo-as com os tropeiros virtuais.
Encerro com um abraço especialíssimo e prá lá de agradecido ao LB, sua paciência, bom humor, perspicácia, profissionalismo, elegância... Ah, em fim – fico até sem palavras para lhe elogiar! (Risos).
Trilha sonora de hoje: Fred Astaire, Funny Face.